A ignorância é narcisista. O "desapego" é a doutrina vazia da moda. A "luta" é um outdoor todo cagado por pombos. A hipocrisia é a cocaína dos novos tempos e esse povo descolado, de pés descalços e sorrisos marketinianos em fotos filtradas por dejetos abjetos e tatuagens fofas que dizem muito sobre nada e suas conversações prolongadas nos bares com luzes coloridas onde só entra quem já foi pra Europa ou beijou o cú do Tio Sam, continuam não me convencendo e enxergo a porcaria, no sentido literário, dessas suas almas entrevadas que cospem futilidades torpes típicas de quem nunca passou perrengue na porra dessa vida maltratada. Andam como patos, cheios cheiram como porcos e falam como papagaios com debilidade mental. Vocês são o mundo, o padrão ignóbil que todos querem seguir, malditos descoladinhos, branquinhas de sarau do caralho, hipster do meu saco suado após uma partida de futebol, escória metida a artista, playboys que tem vômito no lugar do cérebro e riem como retardados enquanto falam de filmes franceses de merda, dizem que estão na merda e pagam noventa contos num copo de uísque, mil numa festinha de final de semana, Se minha vida fosse tão feliz quanto a de vocês eu seria infeliz. Trepar no meio de um furacão de navalhas não é pra qualquer um. Eu me garanto no final do mundo enquanto um escritorinho de merda do Amazonas copia tudo que escrevo e não cita a fonte. Sonhei que atropelava algumas "blogueirinhas", me senti limpo.
Domingo minha equipe Danilo Motta, Bruno Borges, Beatriz Keiko, Felipe Falanga e Telma Gottlieb e eu gravamos o curta UM FRANGO PARA DOIS, estrelando a atriz Priscila Casari. Texto do Danilo e meu. Eu na direção e fotografia.

Um grande escritor disse uma vez: “Uma vida cheia de promessas falidas e sonhos furados. Um espetáculo sem público. Um show sem artistas. Uma van sem groupies para nos lamber a virilha”. Oops, foi eu quem escreveu isso. Indo pro quarto mês sem ver um 💴 real. Perspectiva zero de melhoria de vida. Meus sonhos foram esquartejados e eu continuo por vã teimosia, pois no frigir dos ovos, na contagem dos ganhos, você é o que você tem. Eu tenho um carro velho, uma calça furada, alguns instrumentos musicais, um computador podre e um monte de sonhos empilhados nessa chacina vital. Mais valia. Não me manifesto, pois sei que meu status na Matrix é frágil e delicado. Qualquer movimento errado posso ser escarrado pra viver algo mais degenerativo. Inexisto. Continuo (a existir) por uma teimosa subjetiva e burra; essa vida sem vida não é vida pra ser vivida... Quem tem a bola manda no jogo e eu não vim para essa vida pra ser gandula - ao menos sempre acreditei nisso -, mas estou lá, pegando a bola no bueiro, passando a própria camiseta para limpá-la. Por mim entregaria os pontos, mas algo anímico em mim não deixa: essa esperança burra por dias melhores, por feriados mais brilhantes, por uma vida safa, por amores épicos e um pingo de prosperidade. No final ficam esses textos que não passam de indiretas para o criador do Universo, esses gritos inaudíveis de desespero e pedidos ocultos de ajuda e norte.
Às vezes a redenção se encontra após um amontoado de suor e trabalho duro. Quieto, no canto, sem brilhar, sem estar no foco das atenções. Nessa época de vidas imagéticas e cheias de ilusões megalomaníacas, as pessoas nem sonham que ser um instrumento em uma sinfonia (sem ser um robô subserviente), pode trazer uma satisfação basal. Por isso os antigos carpinavam até seus últimos dias e viviam muito e com muito mais qualidade, pois a sensação que se tem após um belo dia de trabalho pesado é a de que você é útil. A geração chorosa, imediatista e cheia do que os cientistas chamam de “mimimi”, seria mais mentalmente forte e útil se tivessem passado algumas dificuldades, tivessem tomado algumas surras de cinto e fossem carpinas um pouco.