Libélulas e bolas de aço
A liberdade de condicional diz:
A beleza aurora-borealesca de minhas cores flamejantes jamais se altivaram, alcançando assim, a lâmina azul do firmamento sem nuvens. Minhas asas estão aptas para a prática da navegação aérea, mas o espaço aéreo foi tomado por urubus carniceiros e corvos praguejantes dotados de alto nível de Q.I. (quem indica). Falo meus sentimentos com as flores, pois apesar de estar preso a uma corrente e uma bola de aço, não tenho rabo preso com nenhum ser vivente desta fauna maldita de favores boquetados, egos de hidrogênio. Minha voz muda pesa como aço e minhas cores talvez nunca sejam vistas no mar de urubus.
Alçando vôos rasantes
O poeteiro diz:
Alço vôos rasantes e delirantes,
Solto bombas de titica em bonés, ternos e turbantes,
Estupro os olhos de leitores ofegantes,
Desando mulheres e garotas excitantes...
Tomando drink’s flamejantes,
Debaixo de saias esvoaçantes,
Derrubo fotos imortais de cima das estantes,
Faço a eternidade se tornar um simples instante...
Causo impressões realmente impressionantes,
Arranco solos bluesescos de violões tonante,
E continuando escrevendo merdas extasiantes!
Hotéis baratos
O ladrão de cinzeiros e toalhas diz:
O chuveiro de água quente e o quarto com TV e som, são máscaras inverossímeis plantadas na face do mundo que há lá fora. São camuflagens urbanas de uma guerra fria entre a melancolia suicida plantada nas raízes do coração e a felicidade onerosa de comercias de margarina que vendem sua carniça enlatada em falsos pacotes de felicidade, lacrados em sorrisos falsos e petrificados de botox e conservados em esperma de girafa. O revolver sobre o criado mudo, minhas roupas sob a cama, uma puta de ladinho tomando no que um dia também foi lacrado e um desejo suicida na mente sem futuro e melancólica que cospe jatos de porra atolados entre duas bandas de pães que untaram a pobre faca com fétido chocolate.
Seguir ou se jogar?
A pergunta perguntou
A trilha é longa, o destino é incerto; não tenho mapa ou a mínima noção de onde estou indo. Peregrinando... Andando mil milhas na terra sem fim, esquecido por Deus e de alpercatas furadas. “Escrever é tudo que temos no final das contas” me disse o grandioso Mário Bortolotto, concordo plenamente, mas acho que já ultrapassei o final das contas e o que me resta são duvidas infindáveis que vem com dois opcionais: “seguir ou se jogar”, duas simples alternativas: "atravessar a ponte ou se jogar dela". A pergunta: Será que vale a pena continuar (escrevendo)? Não será uma grande perda de tempo? Um grande e estertorante desperdício de forças e talentos inertes? Não será apenas uma masturbação cultural que me levará para as latrinas de uma vida fudida e mal paga? Vale a pena agüentar os tapas na cara da vida? Se você souber... Me responda!
Na casca do ovo
O estelionatário diz:
Sozinho no escuro eu tenho medo, pois não vejo ninguém. É triste ver o que estou vendo, se não vejo você. Lembro que chamava e você vinha, estava comigo todo santo dia; estava presente em todos os momentos: de perdas, de glórias, de alegrias. E agora que você se foi... Deixou um coração magoado, ressentido e acuado que só pensa em você! Como pode fazer isso assim? Não deixou nenhum bilhete pra mim!...
Eu odeio sua ingratidão, te dei casa e comida e você filha da puta me deixou na mão...
Rex, volta pra casa... Sua ração ta no prato...
Oh rex, volta pra casa seu cachorro ingrato.
Tempo Instável
O velho Bluesman e a espingarda dourada dizem:
Abro a porta...
A velha cadeira de balanço se move sozinha e derruba a espingarda por culpa do vento leste; trago a guitarra debaixo de um braço e uma garrafa de whiskey na outra mão.
Ela se foi...
Ligo a guitarra na velha caixinha instalada ao lado da velha cadeira de balanço, encho o meu velho companheiro o: “copo” e uso a caixa como mesa.
O vento cospe centelhas de uma chuva que está por vir... Ela se foi...
As nuvens relampejam as faíscas de meu antigo amor, a chuva chora por meu coração, a plantação bambeia como minhas desfalecidas pernas semi-alcoolizadas.
Ela se foi...
O primeiro gole; a primeira lembrança dela nua; o primeiro solo; a primeira música: “Blow Wind Blow do Jeff Healey”.
O Blues se aconchegou acusticamente debaixo da minha tempestade de lembranças, bebeu no meu copo manchado, inundou meus ouvidos, transou comigo solando em êxtase, balançou a cadeira e não deu a mínima pro vendaval...
O Blues chegou, mas...
Quem se foi mesmo?
Texto-prévia-www.pastrame.falai.net-2006
A amostra grátis de infâmia pecaminosa diz:
“Caixeiro viajante”
(Autor: MaicknucleaR)

Que merda és tu oh caixeiro viajante,
Que fuma da mais tenra e preciosa erva,
Que se diz relaxado por algo da terra,
E ria a todo instante...

Quem és tu que por onde passa,
Deixa uma trilha de fumaça,
De um energúmeno trem inebriante...

Por que seus olhos têm cor de chama?
Porque chama a fome de larica?
Por que ri quando o cliente raclama,
E manda o trabalho às picas?!
“Ele está atrás. Ele que está por trás. Ele que corre atrás e sem você perceber ele te segue, desde que nasceu ele te segue e você nem percebe sua ilustre presença.
Corrompendo nações, ferindo corações, jogando inocentes aos leões “Há, Há, Há”. Ele é o mau nos becos da noite e da morte ele é a foice. “Buhhh”, você acha que não, mas ele está comendo seu coração; deturpando a paz e a decência, levando o mundo a maldita decadência. Influências de maledicências; avareza... Em seu trono está sentado pensando impurezas. Sentado, ele controla o mundo, pois é rei do caos e do absurdo!”
Trecho de “Sombras da noite” de: MaicknucleaR & UzzmetralhA

As divagações da sombra da noite


A caneta desabafante diz “eis o texto”:
Assim como o dito cujo acima, também sou uma sombra da noite; esgueirando-me nas latrinas da vida com cadernos e putas, escrevendo com canetas escusas, usando a claustrofobia de uma alma dilacerada que vive na clausura de uma alcova luxuriosa, buscando esperança em corpos sinuosos que me levam a redenção da lascívia; andando por ruas de caminhos incertos de rumos sem destinos. Torno-me uma sombra, um ser virtual de vida limitada a sites, blogs e teclas de computadores emprestados por baixo prazo. Faço amigos que nunca vejo e considero-os irmãos distantes. Garotas que me mimam sem saber que minha baixa-estima já matou e enterrou meu ego em cova profunda. Nem sei porque escrevo este monte de merda; só escrevo! Continuo sendo uma sombra da noite mendigando olhos com apetite de leitura inútil. Deus me esqueceu mil milhas atrás... Vago pelo deserto de mim mesmo.