FRAUDE LITERÁRIA DE PARATY

Essa coisa de arte é mó loucura. Quando faço algo, meu intuito primeiro é a primazia em miríades. Sei lá. Eu tento atingir a alma do ser receptor, sabe? Encontrar a nota exata que vai vibrar dentro da pessoa a fazendo rir, chorar, sentir raiva, seja lá o que for. Creio que "Obra-prima" é quando o artista (no bom sentido da palavra), consegue chegar a essa, digamos, quintessência espetacular de invadir as células alheias, invadir as sinapses, arrepiando os pelos, fazendo a pessoa vibrar naquela sintonia do vídeo, do texto, da música, da performance, sei lá. Causando reações inconscientes, mas sendo direto, sem subliminares. Creio que essa é a verdadeira busca, a de como invadir os sentimentos alheios através do convite latente do "expectador"? É o que penso todo santo dia, em como ser simplificar tanta dor, amor, raiva, alegria e sintetizar de uma forma simples, sem complicações, através de uma expressão que é impelida da minha alma para a alma alheia??? Aí vejo um monte de arrombado preocupado com fama. Isso me dá nojo, na moral, velho. A grana, o reconhecimento, os shows e apresentações devem vir depois, ou enquanto você busca essa fórmula insana. Desprezo quem faz por que "Eu vi na TV quando era criança", "Meu pai fazia", "Faço pra pegar mulher". E vemos o resultado absurdo do que chamam de arte de elite, é só lixo. São conceitos em cima de conceitos e nada plausível a ser "mostrado" e uma tchruminha que tem um discurso tão bom que convence qualquer um de que aquela merda desalmada deve estar na galeria (por exemplo). Os maiores do passado sentiram dores reais. Muitos morreram na merda e não quero que NINGUÉM aqui morra na merda, o que quero dizer é que se você não tem sensibilidade de compreender essa "condição humana", volta pra casa, sai do ramo. Você pode até enganar milhares de pessoas com sua merdinha, mas dentro de você, por mais que seu ego infle seu autofingimento, você sempre saberá que você é um merda em busca de autovalidação e pior, buscando validação alheia. E é muito doido ver gente que já tem certo reconhecimento, chorando pra estar no lugar de um imbecil mais reconhecido ainda. Cara, jamais vou deixar de querer ser eu mesmo para querer estar na pele de um idiota e viver o status alheio, pra mim isso é demência das mais periclitantes; "Eu queria ser aquele babaca pra viver sugando os SESCs". Pelo amor, que discurso é esse e vindo de gente tão "outsider". Aliás. Todo outsider que conheço é incluido pra caralho em "circuitinhos", então vão todos se "foderem" e se achar ruim vem pra porrada e foda-se, sem nhenhenhem online. Eu fico puto discutindo esses assuntos e fico pasmo em ver que quando o assunto vem à baila a unanimidade dos discursos é superficial e fútil e quando começo a expor meu ponto de vista, de repente, todos estão nessa pela "arte". Pela arte é o meu caralho num pão de cachorro-quente. Falsidade é mato na relva. To fora desse lixo. Sei que o público é burro, manipulável e fácil de jogar com eles, mas eu to fora disso, perdão. Todo artista deveria ganhar muito bem, o suficiente pra poder viajar sem preocupações de onde vai ficar e o que vai comer, mas, em contrapartida, o "Produto" oferecido ao público, deveria ser, minimamente, real, puro, questionador, impulsionador, redentor, motivador e toda sua gama de etc's. Quer saber? Vou continuar a procurar aquela nota invasora de células e sinapses, por que toda vez que abordo esse assunto as pessoas me olham como se eu fosse louco, ou concordam comigo na expectativa de mais tarde falarem: "Você ouviu aquele papo furado daquele imbecil, quem ele pensa que é?, nem o conheço, ele nem está na mídia, nem foi publicado, nem teve seu texto num espetáculo, nunca ouvi um som na rádio, um vídeo no porta-curtas"... Enfim: abracem-se e formem uma comunidade juntos com seus iguais que eu to fora. Não consigo ser uma fraude.