O deserto de Jack Daniel´s e reminiscências vítreas
O chão que frita ovos diz:
Abandono aquele velho trailer deixando para trás: uma lágrima atrás de um óculos escuro feminino e um cigarro com a bituca manchada de batom, devidamente postado nos lindos dedos em V de unhas escarlate que se longificam por trás da longa e densa poeira deixada pelo rastro de meu velho Impala 1969. O vulto vítreo de cabelos longos presos com uma bic, não sabe que faço apenas o que é preciso; sigo meus tortuosos caminhos. Vejo balanços e cactos, miragens de lembranças em cima do capô, Jack Daniel’s como co-piloto e uma sinuosa estrada seca de emoções no meio do deserto assassino onde se ouve o blues de Mississipi, famintos urubus e... e a voz dela no meu toca-fitas...

[Amor; assumo que meus caminhos são longos, tortuosos, desérticos e incompreensíveis, mas todos têm fundamento e migram para um oásis emocional]
O nome do jogo
O crupiê diz:
Hey, culpe o jogo e não me culpe por jogar.
Não criei este jogo, muito menos as regras... conheço-as bem e, criei as minhas em cima das já existentes. Nunca trapaceio; apenas uso as regras contra elas mesmas, procuro caminhos alternativos, olho o jogo de cima, tenho calma, calculo e ataco com voracidade. Sou um jogador solitário e ardentemente calculista! Te levo pra cama e jogo em dupla enquanto dure o motel, mas na hora de entregar a chave do quarto, volto a jogar sozinho contra esse mundo de rainhas de egos inflados com hélio em balões de silicone. Sou um jogador maldito ouvindo blues e bebendo um dry martini, pois vivo vencendo e perdendo, errando e aprendendo, conquistando e te comendo, jogando e vivendo, te odiando e te querendo.
Os arquivos de minh’alma
O garoto do almoxarife diz:
Noites de verão, candelabros de luzes amarelas do centro da cidade, lago dos patos, conversas sinceras, capetices no tempo de escola, quermesses do bairro, roles de bicicleta, skate na Charles Muller, Curitiba, as garotas de Cascavel, shows insanos, flertes inesquecíveis, conquistas impossíveis, chupadas (nas bolas) que recebi...
Amigos de uma noite, raras bebedeiras, fumaça em becos, andanças com quem considero, meu velho Fusca azul pavão, catracas de ônibus, lua cheia, musicas que marcaram, mulheres que me mataram, me deram ou foram motes de punheta; sonhos de dias melhores, banhos de chuva, gafes horrendas, shows que fiz, glórias, percas, fodas, drogas e tudo que esqueci!
A visão santo maldito
O anjo caído e repetitivo diz:
Fui abençoado com uma visão que atravessa mundos, ultrapassa barreiras, compreende os incompreendidos, inclui os excluídos nesta festa de egos espumosos em taças de champanhe Cristal. Maldição abençoada que provoca meu exílio sentimental, assim como se eu fosse o Quasímodo abandonado na porta de uma igreja por culpa de meus traços demoníacos, alma de anjos celestes e um coração mais humano do que de toda a humanidade que me quer enforcar junta. Provavelmente terei um fim trágico; serei queimado em praça pública; serei caçado por homens ostentando tridentes e tochas, com pedras e madeiras nas mãos, que me odeiam por não me entender. Serei crucificado por culpa de minha maldita visão e atos santificados... ( e não me canso de falar sobre esse assunto)
Tempo Instável – Jukebox
PS: Depois do "quase-infarto" de ter me visto (lido) pela primeira vez nos blogs dos grandiosos Mário Bortolotto e do Márcio Américo; novamente me emocionei com mais um "quase-infarto" quando fui me deleitar no blog do grandioso Pierre que disse:

Brothers e/ou Bloggers:
[Txt furtado do blog do Pierre]

O Kim é um cronista invejável, seus relatos estão cada vez mais detalhistas e bem humorados; E eu estou sempre lá no blog, com meus coments idiotas;
+ Há um tempo atrás linkei aqui nessa pocilga amarela o Mr. MaicknucleaR, que conheci através do blog do Bluesman Bortolotto (quem não foi ao CCSP, perdeu a versão belíssima da música título do post). O Maick escreve bem pra caraio, é outra ilha de boa literatura, num ciberespaço cheio de lixo;
+ Outro recém linkado é o Thiago Pinheiro; Ele já teve lá suas aventuras com o Kim e o Edinho. Descubra tudo acessando o blog dele; Colaborem, porque o cara sempre reclama que ninguém lê;
+ Outra coisa. Meu fim de semana foi salvo por um bom papo com o Pinduca, a Dani, o Montenegro, a Marisa, o Marquinhos, entre muitos outros, durante a madrugada da tal “Virada Paulista”;
+ No domingo terrível, fui salvo pela onipresente Sandra; Minha melhor companhia, desde 1993.
= Sou um cara sortudo.
Escrito por masatoyk às 11h03

Link do Pierre:
jukebox-songs-stories.zip.net/
hey.. tem 2 post's inéditos abaixo... rsrs.
Solitário habitat
O vulto cabisbaixo diz:
O telefone não toca e não tenho pra quem ligar,
Cartas não chegam e não tenho para quem escrever,
Não recebo e-mails e não tenho para quem enviar,
Olho, olho, olho e sei que ninguém eu vou ver.

Ando pelos tristes cômodos e nem assombração me acompanha,
Preparo o jantar e uma antiga musica lenta,
Enquanto a outra cabeceira da mesa está (e vive) vazia...
Vejo meu triste coração cheio de teias de aranha,
Através de uma janela onde a solidão habita.
Emaranhado de idéias
A estrada da língua diz:
Perco-me nas ruas desta megalópole cheia de esquinas e ruas sem nome ou CEP, casas sem números, avenidas de palavras sem placa, preferenciais sem preferência de assuntos, canteiros centrais de conversas em linha reta que são cortadas por um cruzamento de conversas insípidas, porém agradáveis. Via expressa de loquacidade saltitante, acostamentos silenciosos, beberrões de sopas de letrinhas e calçadas esburacadas por erros de acentuação, enfim, ruas de neurônios que formam um emaranhado de idéias fúteis.
Jardim secreto
O jardineiro chicano diz:
Sempre fui receoso com aquele lúgubre jardim de árvores moribundas, chão de folhas secas, onde o vento sempre soprava assoviante e álgido. Sempre me arrepiei ao encontrar duendes e demônios naquele lugar maldito onde perambulam as sombras da noite e lobos desvairados. Sempre corri ao menos estalar de galho seco que ouvia...
Cresci... e aquele lugar se tornou meu esconderijo secreto, meu motel sem sabonetinho e toalha grátis, meu próprio cofee shop onde no outono, as árvores são reanimadas por um verde brilhante e o chão se entope com um carpete de flores rosadas e murchas...
A flor que não tive
O cara que sempre estraga tudo diz:
Pequena de longos cabelos negros e lisos que desfilavam por suas costas enquanto caminhava dentro de seu salto alto em direção da mesa onde estava o bolo.
Envolta por um sutil vestido com estampa de lindas flores que exalavam um perfume ímpar, enquanto suas grossas coxas provocavam faíscas ao atritarem durante o andar que lhe provocava uma ondulação marítima em seus belos e naturais seios. Aquela boca carnuda e vermelha estuprava um copo de vinho e contratava com sua pele quase transparente. Tive sua boca, lábios, beijos e seus enormes seios na palma de minhas mãos; mas não a possui naquele Uno Mili e, até hoje ela é mote de minhas masturbações noctifloras.
Em busca da liberdade
Os neurotransmissores demoníacos dizem:
Ando preso dentro de mim mesmo, vivendo em um infinito universo localizado dentre de minha própria mente. Sozinho com meus demônios internos que não passam de caricaturas de meus próprios desejos e turvos pensamentos, que sonham acordado e vencem a própria imaginação num mundo inexistente, porém perfeito pra mim...
Ando buscando a liberdade em quartos de hotel e curvilíneos e experientes corpos femininos provocadores de uma miríade de volúpia. Busco a liberdade em longos solos de um velho bluesman que vendeu a alma no Delta Mississipi. Busco a liberdade na insanidade noctívaga e nas palavras que cuspo na caderneta que está em meu bolso direito onde deveria haver uma carteira com notas de 10 e 50.
Virada sobre lençóis Califórnia
A virada à lá cultural diz:
A megalópole está em chamas, os ânimos estão exaltados, os ônibus abarrotam avenidas, transeuntes embrenham-se no matagal de vendedores das calçadas cheias de desocupados e ocupados indo e vindo para não sei onde; bonés von-dutch em cabeças idiotas e nós ali no meio, contrariando o frenesi calamitoso da grande cidade. Cerveja e livros, aperto nas coxas e destino. Ipiranga, mas não até a São-João. Lugar secreto onde a virada cultural custa 32 reais até as seis da manhã. Escolhida dentre muitas. Nada de preocupações estúpidas, apenas você e eu num mesmo ideal sob aquele chuveiro quente, num quarto com cheiro de mofo enquanto sua língua e lábios encontravam e deslizavam sobre meus pontos g’s, h’s, i’s, j’s. Ela diz: “os bobões estão lá fora perdendo de fazer isso” (ela disse o que eu pensava). Horas e pausas para pequenas confissões e duchas rápidas no chuveiro quente. Virada que durou das nove da noite às cinco e vinte da madrugada.
A professora de literatura disse adeus enquanto um idiota metido a besta, projeto escarrado de escritor de calça larga tomava uma coca-cola gelada e seguia quase cambaleante ao “Jd.Brasil 2181”, ouvindo ao fundo a voz de Elza Soares cantando a carne ao vivo e a cores.

Ela disse: “Me escreve (um email)”. E eu agora digo: “Não vou te escrever, vou escrever para você... sem preocupações, sem medo de se entregar para a vida, apenas EU, para você”.
Mi casa (es mi casa)
Tonica sem gelo...
Minha casa não cai:
Vejo legiões tentando implodir minhas estruturas com palavras de injúria, utilizando-se de um estopim de inveja mórbida que tenta me dinamitar a preço de bananas explosivas. Vejo que em cima daquele mirante, as pessoas me olham de cima em cima em baixo através de seus binóculos de grossas armações,medindo-me e rezando para que eu tropece em minhas fundações e caia.
Grandes terremotos emocionais sacudiram meus tijolos.
Grandes vendavais empurram-me para precipício.
Grandes tsunames cuspiram em meu rosto com força de mil maremotos na tentativa de me fazer cair por terra, mas nada até hoje me derrubou.
Quando o copo vira amigo
O inescrupuloso barman diz:
Afogo as mágoas num rio de solos de blues,
Lavo uma lembrança com um “duplo”,
Mato alguém virando o copo,
E vou ao fundo do poço deste balcão! (repost)
Doin' time, when the live is easy...

Os primeiros feixes de luz arrebatam-se por cimas das inóspitas montanhas, trespassam por dentre as altivas árvores e cobrem o chão com a clarividência do jubilo matinal. Os pássaros em seu gozo, nadam em um montinho de areia esquecida por algum caminhão de construção. Sinto a vida fluir freneticamente por minhas veias aceleradas por cafeína. “Bad fish” toca no meu walkman imaginário. Abaixo minhas armas e percebo que meu amor não move montanhas, mas anda por aí como um cão vira-latas. Mais uma vez tudo fica em slowmotion, o verde vivo das árvores hoje estão mais vivos do que nunca; as cores de uma linda manhã que surpreende meus olhos, completa o vazio de minha existência e me ensina o verdadeiro valor das coisas. Não tenho um real no bolso furado, não tenho propriedades muito menos opulências, mas tenho meu cachorro na coleira e a manhã mais linda do mundo só para mim...
As quatro pontas da real felicidade:
“Um dia quente, uma cerveja gelada, a mulher amada tomando banho gelado com você e Sublime!”

Há momentos no mundo em que nada está errado, nada está certo; tudo está somente sublime.
MaicknucleaR
Um lugar de nós dois
O filho diz:
Arraigados nesta singela vivenda, deitados sobre esta alfombra de folhas secas e mortas, acendendo o fogo vermelho durante a última faixa laranja do arrebol. Fazendo pedras quicarem sobre este manto aquoso que logo refletirá o céu aspergido de estrelas, erigindo a etérea lua no céu do nosso lugar secreto onde o desdém humano jamais ousou existir.

O pai traduz:
Enraizados nesta singela casinha, deitados sobre este tapete de folhas secas e mortas, acendendo o fogo vermelho durante a última faixa laranja do pôr do sol. Fazendo pedras quicarem sobre este manto aquoso que logo refletirá o céu borrifado de estrelas, levantando a sublime lua no céu do nosso lugar secreto onde o desprezo humano jamais ousou existir.
Quando fomos eternos
O doce de leite da vóvó diz:
Lembro-me do tempo em que o quarteirão de minha rua era maior do que todo o universo que há em meio do firmamento.
Tempos em que podíamos pegar estrelas com as mãos e guardávamos aviões dentro de nossas camisetas dois peixinhos.
Da rodinha sobressalente do lado esquerdo da velha BMX as manobras espetaculares em cima da mesma.
Tempo em que o escuro nos seduzia, intrigava e provocava choros.
Tempo que em que desbravamos o mundo dentro de pequenos caminhões de madeira, aventuramo-nos em velhas casas assombradas atrás de fantasmas. Anos oitenta onde assistíamos os filmes de adolescentes colegiais loucos por sexo, e passávamos meses com aqueles peitões americanos na cabeça e dizendo: “eu vi, você não viu”.
Tempo onde a calmaria da falta de assunto não incomodava como hoje em dia. Exatamente nesses momentos, olhando para o velho lago de Mairiporã quando um de nossos pais levava, comendo pão com mortadela e tomando guaraná, quietos... Nós éramos eternos
Jogos, trapaças e teclados fumegantes
O cobrador de juros diz:
Não mova seu rabo fétido desta cadeira ou senão vou arregaçar seus miolos atirando textos insanos com meu teclado semi-automático municiado com teclas dum-dum, dedos radioativos e idéias de grosso calibre.
Não dê um maldito pio senão calo sua boca com o chumbo da ponta da minha caneta bic.
Não chore ou senão enfio este fálico caderno enrolado no seu rabo e disparo todos meus textos no seu intestino delgado.
Não ouse me denunciar ou te mato escrevendo sobre você.
Fale de mim para todos seus amigos e espalhe pelas ruas de linhas azuis que há um novo chefão nesta bocada literária.
O real trono real
Eis que criei o trono especial para:
Reis da falsidade.
Reis ufanos e idolatras.
Reis e rainhas que usam mascaras para esconderem suas verdadeiras faces.
Rainhas da fofoca que invidiam a vida alheia.
Reis do imiscível e pomposo mundinho só seu.
O cetro real (45 por 8 centímetros) está acoplado ao centro do trono, e ergue-se bruscamente ao sentar do rei em questão.

Versão genérica:
Especial para: pessoas falsas, fofoqueiras, desleais, intriguentas, intolerantes, mascaradas, usurpadoras, ufanos, altivos, peculatários, duas caras, insípidos, fanáticos religiosos, terroristas islâmicos, George’s Bullshits e vadias interesseiras!
(versão sem cetro)
A brisa da rua turva
As sombras da noite dizem:
Algum senso de bússola interno dirigia-me até meus aposentos através daquelas ruas turvas e de perigos eminentes.
A brisa sudeste faz com que meu corpo penda para a esquerda enquanto ando trôpego por aquela zona de guerra, piso em minas desativadas e tropeço levando a carne do meu rosto de encontro ao áspero asfalto.
Levanto quase rapidamente... Faço meu braço de viga e o apoio na parede enquanto lavas de vomito ácido erupcionam de meu ventre.
Recomponho-me... Olho para aquele embaçado caminho que hei de seguir...
Fumo o resto daquele cigarro de odor estranho e jogo a ponta no chão.
As sombras da noite me acompanham e fazem minha segurança para que nenhum sociopata maldito cruze meu caminho...
E enfim, chego em casa.
Pomba rola
O rato bípede voador diz:
Não me segure pelo braço.
Não me acorrente ao pé da cama.
Não faça chantagens emocionais para que eu fique.
“- Sem dramas por favor meu anjo”.
Não confunda meu amor e romantismo com anéis e algemas.
Não tranque a porta senão eu pulo da janela de seu oitavo andar e vôo para a liberdade.
Terapia de choque
O vesânico diz:
Eu sou louco, pois acredito na lealdade infinita de uma amizade.
Eu sou demente, pois mesmo não afirmando, acredito no amor.
Eu sou insano, pois me entrego sem medo para os acontecimentos e momentos da vida.
Eu sou retardado, pois afirmo que encontrei felicidade no olhar de uma rapariga.
Eu tenho “pôbrema” da cabeça, pois não tenho medo de ser apenas eu mesmo, perante reis e rainhas.
Eu vesânico, pois como pasta de amendoim com chocolate e digo que é côco para que todos pensem que sou apenas um deficiente anódino, enquanto sou o mais real perigo para a sua sociedade mental.
Santidade
Os homens, santos e os desertores dizem:
Quando pequeno, percebi que eu era diferente das outras crianças.
Já um pouco maior, sentia-me como um estranho ser vivente.
Na semi-adolescência, o mundo não aparentava ser minha vivenda.
Sentia-me um forasteiro em terras hostis...
Quando a luz da compreensão sublimou minha visão, percebi que eu não era comum, eu era santificado. Santificado significa separado, ou seja, eu era um ser santificado, eu era um ser separado do mundo por forças maiores e excluído por ignorância do homem vil.
Passei a vida escondendo-me atrás de postes de luz, seguindo-te em surdina, usando largas calças para passar desapercebido e de óculos escuros para ser um rosto na solidão da multidão de seres incompletos.
Eu sou um cachorro com asas que segue o cheiro de seus passos para te proteger dos perigos das ruas. Eu sou o louco com taco de beisebol que aparece para livrar sua pele do tão famoso “coro”. Tenho a imperceptível incumbência de ser Del Los Santos Angeles, pois sou o anjo maldito criado para salvar o mundo e destinado à solidão.
Deus me denominou com o nome de “Maickyluzx”, o anjo que trará a luz, mesmo sendo condenado a viver nas trevas.
Novos amigos velhos
O guia do desencontro diz:
Redescubro velhos amigos novos,
Conheço antigas pessoas contemporâneas,
Atualizo velhas histórias atuais,
Revejo rostos que nunca vi...
Envio eletrônicos cartões postais sem destino,
Congratulo aniversariante há quilômetros de distância e envio presentes via sedex,
Abro meu coração com a tela do computador,
A tela toma minhas dores e chora por mim...
Às vezes os encontro face a face, porém não os identifico,
Às vezes eles gritam do meu lado, mas não conheço suas vozes,
Voltamos para casa, contamos nosso dia e percebemos que estávamos um ao lado do outro e só percebemos diante do “Messenger”.
Abraçando o infitino
O lívido firmamento diz:
Ergo os braços e agradeço os Deuses por me prestigiarem com tamanha pequena grandeza. Entrego-me por completo ao anacronismo, pois naqueles dias os tempos passavam lentamente e os relógios insistiam veementemente em apressar-se diante da falta de horas. Sem dívidas para com Deus não temos tempo para envelhecer.
Sem dívidas para com Deus nós somos retratos eternos.
Sem dívidas para com Deus sabemos que este saco de osso que carrega a nossa consciência pode sim perecer, porém jamais dará pau em nossa memória.
Destruirá a cpu, mas a caixa preta de nossas histórias e vivencias perpetuaram para todo o sempre finito.
Arrebol

“Dizemos que nunca somos felizes, mas quando somos, não percebemos”.
MaicknucleaR
O retardado incompreendido
O curandeiro diz:
Deito-me em seu branco divã ornamentado com listras azuis claras e despejo o ínfimo de minh’alma. O ínvio se torna um grande portal sem chaves ou trancas e fica livre de embustes. Cofio o bigode e bato na cabeça em busca metralhando palavras em alvos de papel numa desenfreada tentativa de livrar-me do hediondo exício. Buscando o ímpeto em vírgulas e frases mal construídas com excessivos erros de pontuação. Busco a redenção de um paraíso inexistente onde o papel é meu divã e minha caneta é meu analista!
Para: Tícia Elfe
Se as poesias viessem como as chuvas que caem em meu quintal, talvez e só talvez, eu seria completo...
Se as poesias decidissem lavar tortos caminhos de pistas sinuosas iluminadas pelo azul-lua, eu seria então um homem iluminado também...
Mas se as poesias efêmeras decidirem finalmente virar chuva, sei que passarão, mas tenho certeza de que sempre voltarão ao meu esquálido quintal!
A fumaça embaixo do beiral
Ao som de “Help the poor” (nada mais adequado!) e após ter fumado “Bagana na chuva” de Mário Bortolotto até a ponta, ressurjo das cinzas de meu edredom direto para este simplório blog.
“Bagana na chuva” é um universo onde a vida é regada com intermináveis solos de blues mentais (dignos de um “three o’clock blues), brigas a moda antiga (leais e não “bombadas”), vômitos na roupa, roubos de acepipes em festas comportadas, cemitérios de latas de cerveja, queixos quebrados, boquetes profundos, rabos desejados e/ou penetrados e “Julianas clicherrosas”.
Cardan, o personagem principal, assim como eu, não passa de um taradinho sem aura que apesar de tudo também é avesso a escrotidão de ser inconveniente com as garotas; e assim como eu, odeia os sacadores de violão e suas musiquetas que tentam mostrar um mundo lindo e feliz em ré menor. Adora os loquazes, pois pode fingir prestar atenção e se preocupar em secar uma garrafa de whiskey (e assim como eu, chama Fusca de Fuca). O livro tem uma dinâmica fudida, e já começa com todo mundo extremamente louco dentro de um banheiro dando uma narigada para depois sair e enfrentar um bar com a empáfia de garotas altivas. Me identifiquei com uma parte em especial do livro: “o personagem Cardan, dorme enquanto recebe uma gulosa”, sim, já me ocorreu (até a reação da garota foi igual)! Porém, se vocês quiserem saber qual foi tal reação, por favor, compre e leia sua própria bagana, pois meu béqui eu não divido jamais!

“A noite não perdoa quem não está preparado pra ela”
Cardan (o personagem).

Blog Do Mário Bortolotto
atirenodramaturgo.zip.net