Não creio em mais nada (mais trecho de "Meu Doce Valium Starlight" - do livro homônimo)


Meu Doce Valium Starlight
(MaicknucleaR)
Intro.
Um ósculo de latrocínio. De uma puta depravada. Deito sonhos em cigarros e anéis com câncer. Deixo florais em valas sem jarra.Nem as putas nos compreendem a anestesia! Nem Freud explicaria esta fuleiragem sitcom de não saber que após exorcizar mil demônios cada um traria mais sete amigos bandoleiros para resolver a treta…Mas firmeza. Profissionais não podem ser atingidos.

Tacada 1: Sardônia
A edição romântica de uma vida cheia promessas falidas e sonhos furados. Um espetáculo sem platéia, um show sem público, um camarim sem artistas, uma van sem groupies para lamber-nos a virilha, um blog sem comments onde vou lapidando-me a base de frustrações dilacerantes, violência exacerbada e um frio desespero por mais um gole cortante de vida. Sem leme. Em um dos sete mares de Cabaços e Descabaçadas que levam-me pelo braço, como uma acompanhante profissional, à um niilismo suicida e esperançoso. À mescla de Eu Posso o Que Der na Telha e “Você não pode, pois não se encaixa nos padrões” que excita meu velho, inativo e incomensurável ódio, pois a confirmação de um dia frio para uma raça de sangue quente não é lá a melhor notícia do mundo.Não! Não me incomodo em acender um rojão de doze estrelas pipocantes dentro do elevador que agüenta no máximo oitocentos e cinqüenta quilos, sorrir sardônico pro reflexo ao lado, apontar o artefato para a câmera que tira toda minha segurança e dizer abafado, protegendo os olhos com um dos braços: “Herege, eu?! Culpe a prosa poética, porra, pois juro que sou normal” – ou ao menos acredito piamente nisso.…”BOOM”. Você já viu estrelas? Pois ultimamente nem tenho olhado pra cima! Em meu mundo não vejo (e só enxergo) meu umbigo. Mas este show de horrores que os outros costumam chamar de vida me obriga a abrir Pandora Box toda madrugada, sem dó nem piedade…
Parcimônia e serra-elétrica. Láudano e leviandade. Toda a poesia do mundo em um só clique nesses portais recheados de Nada. Antenas que não colaboram com minha sintonia. Mato de coelhas que não caem de boca. Psico na mão de Pata. E a certeza de que os dias nunca serão melhores.Todo dia esquartejo deus com uma faca de plástico de festa de criança. E toda noite encontro meu sossego sísmico, altamente abalado, no fato destruidor de saber que não me encaixo completamente em nada. Esse fato pulverizador, de não ser de laias, que me joga calado nos cantos dos eventos, vendo tudo que é mortal improfícuo sendo confundido com um deus da maioneze, mas não vem ao caso!… Tem gente subindo pedestais de escada rolante e ainda tem a audácia ignóbil de confundir Status com Divino, Amizade com Talento e meu Dom com porra nenhuma. Mas foda-se, pois se Joyce é Deus, eu sou Jim Carey…(Herege, eu?! Culpe a prosa poética, porra).
Os que realmente me conhecem sabem que sou ácido por natureza, largado por opção e um maldito paradoxo nato. Mas minhas letras andam sentimentalmente lúgubres e isso é péssimo sinal – pois ando até disparando em alvos civis durante meus surtos psicóticos. Na verdade, não perdôo nem os coelhinhos quando “tô com a gota” -. E assim, do meu jeito, eu vou. E continuo indo. Mas conto com a esperança que jaz baleada no porta-malas e com a capacidade que a vida tem em ser irônica, para amortizar a peçonha alheia quando as coisas começam a ir bem e os garranchos tornam-se cada vez mais potentes enquanto assisto o pica-pau e penso no próximo rabo onde depositarei todas minhas duras derrotas. O amargor de minhas tristezas lúdicas. E as gafes que não cometi. Para depois ganhar a rua, manter o fudismo de meia tigela vivo ao levantar o zíper com asco e voltar para o cúmulo da solidão corrosiva, onde guardo ursinhos sem pelúcia. E ouro sem kilate dentro de um quadrado azul.Juro!, juro que não gastarei mais meu tempo com tentativas que sei estarem previamente fadadas ao fracasso – caso eu extraordinariamente consiga fazer isso! -. Juro que o cu do Masp cagou em minha face de Quasímodo e que isso bastou para que eu caísse na real e percebesse que Amar é pra quem não pensa, pros fãs de Belle e Sebastian e pra quem nunca teve uma só espinha na cara durante a imbecil adolescência… Amar?!, meu ovo!!!. Vou é lustrar as balas de diamante que descolei para alvejar qualquer porra de musa que inventar de surgir na reta dos meus amores inventados. Meus exageros Cazuzianos mais que extrapolados. Pois se mulheres só amam o que podem ostentar, eu busco apenas alguém que, se um dia eu subir na vida – pois é óbvio que fôdidos não tem vez (e eu estou atualmente fôdido) -, não me “ame” só pra “mostrar” às amigas invejosas… E que chupe gostoso, lógico!.“Nas bolas, amor. Nas bolas”, pois baixaria mesmo é nascer brasileiro. E pra quem AINDA não sabe, o sonho de todo Homem é possuir sua própria puta, ou retirar freira uma freira da zona. O resto é tudo uma grande viadagem lírica. Prosa pra boi dormir. Máquina de encher lingüiça com links vazios.

Tacada 2: Pandora’s Open para
o submundo
-Chupti, chupt, chup, slupt, glupt…“Ontem (dia 1 de maio) um policial quebrou meu violão em mais uma daquelas “batidas rotineiras onde quebram seu violão porque um de seus amigos foi pego com drogas e você não estava no melhor dia e começou a discutir com a lei fake”, tá ligado?!. E hoje, antes do amanhecer, fizemos as honrarias Edu Chavenses. Com duas pás que trouxemos no velho dodge barulhento, Barata e eu cavamos um buraco em um dos canteiros centrais, dentro do terminal de cargas da zona norte de São Paulo, perto de onde ficam as putas feias e os viciados em crack. O farol quadrado iluminava o chão arenoso-lamoso. Solange entornava um resto de vinho azedo, a Dri carburava uma ponta e Mister Z deitado, entrevado, na calçada (completamente possesso pelo álcool)… Peguei o Violão Atômico no banco traseiro. Primeiro alguns de seus mil pedaços, depois o que sobrou intacto… “É estranho lembrar durante o ato de receber um b…”. Ninguém disse nada. Apenas pedi para que me deixassem só (ou seja: que calassem a boca)… O sol, como sempre, nasceu nasceu na hora errada”.-Chupti, chupt, chup, slupt, glupt…“Odeio quando vou registrar uma folha de sulfite apenas. E digo que registro, não pelo registro em si, nem pela ‘memória ‘, nem porque amo a Biblioteca Nacional, mas porque tenho medo de que minha casa pegue fogo e queime tudo o que escrevi em vida. E eles riem de mim, achando que eu tô brincando. Queria poder matá-los, pois juro que estou sentindo cheiro de queimado, cheiro de enxofre na casa toda”.-Chupti, chupt, chup, slupt, glupt…“O bom foi que descobri logo cedo que esse negócio de fazer tipinho não funciona. Da mesma forma que descobri, logo aos cinco anos de idade, que eu nunca seria um daqueles moleques mongóis que estrelavam comerciais infantis como minha mãe queria. E que esse negócio de gastar a megalografia da minha bic quebrada na tentativa de colocar o pau na buceta alheia não dá certo”.-Chupti, chupt, chup, slupt, glupt…[Retrovisor].“Odeio olhar no espelho quando estou fora de mim – diapasão, diazepam, conhaque, maconha, colchão e tetas; tem nego que mal consegue falar na loucura! -. Odeio olhar no espelho quando ‘perco os olhos’ (de tanto ódio), como disse-me uma Anja a quem amei sincera e ocultamente por dois anos, mas fiz um mal da porra em dois dias… Mas firmeza. Minha parte conservadora pede para que eu saia daqui, urgente. Não sou nenhum angelicida”.-Vamo aê? – fiz a intervenção.-Nããão!!! Por que??? Espera. Deix’eu terminar antes – the bitch sayd.-Meu amor, você não vai terminar nunca!-Lógico que vou, olha só (chupti, chupt, chup, slupt, glupt).-Cê não me conhece (uhh). Se deixar (uhh) eu fico aqui até seu maxilar afinar em dois (uhh) centímetros.-Nooossa… Maaas: você não vai gozar?-Não meu amor.-Por que?-Não posso te dar esse prazer!

Tacada 3: O Nuclear Show: Consuma minhas tristezas e seja feliz por R$ 1.99.
Trezentos e cinqüenta nós na coluna. Três dedos atolados em ninfeta maluquete. Duas doses de mil motivos para não querer mais seguir.A vida pentatônica foi irrefutável com suas provas cabais, cheias de traumas e complexos de toda a sorte, quando disse, com voz aguda como agulha na retina, que eu não deveria ser assim tão legal. Para que escondesse essa merda de humanidade que me infla e transborda orelhas afora, caso eu quisesse ser sedado nos sentimentos, mas tudo o que consigo é ser expulso de retiros espirituais, com o louvor de ser o único na festa a ter quarenta centavos de sensatez no bolso furado e não ser dominado pela histeria coletiva de idolatrar o vácuo-JPG.
E nisso guardo todas minhas agruras, quase dejavus eternos, no núcleo de uma célula aspirante a um câncer cheio de mágoas e vídeos de skate…Liso. Mais que liso. Nem toda obra tem fim, mas a gente tenta por ser teimoso. Eu não quero emagrecer dormindo, nem sentir saudades de lembranças imaginárias, já que tudo que aprendi na vida me faz mal, como a abstinência que trinca minh’alma neste exato momento.Liso. Muito mais que liso. Tem um buraco negro embaixo da cama engolindo minhas meias. Sei que muita gente não entende o que está entrando em seus olhos neste exato momento, mas há algo de tubarão neste peixinho idiota. E entre mais uma e outras: entenda-me quem for capaz!…

Tacada 4: Pixote’s síndrome
Praça Luiza Marilac. A mesma que está em meu livro Dançando Valsa nos Salões do Inferno, que nunca será lido (publicado e afins), pois – pois é foda – segundo alguns amigos “É preciso influência e lamber sacos”, ou seja: FORA DE COGITAÇÃO, pois prefiro viver na merda a “subir pelas costa dos outros”. Deixa isso pros “Boy-êmios” da Vila ou para todo o resto que faz porque acha bonito. Pr’aquele otário dos três livros publicados que nem faz idéia de que perdeu uma bela cadeirada nas costas só porque deus tem essa mania feia de proteger os ignorantes e os americanos. Graças a deus, buda ou a Mara Maravilha, todos livros que estão hoje em minha estante são apenas de pessoas que gosto (e gosto de ler), conheço (meio de longe, mas conheço) e admiro pra caralho!!! Mas não vem ao caso. Mas então: a praça, né?, pode crer. Porra, me perdi. Esquece.

Tacada 5: Mordendo a língua
Desrespeito seria olhar-te sem malícia. Sem me imaginar flanando em seu ventre de algodão. Agasalhado em sua lã de cor não lembrável. Ou punhetando o dedo em sua boca mística enquanto enrrabo sua consciência de literata.Don’t let me fucking dow, bitch. Há cinco gramas de enfermidade entre meu espírito (de lhe querer) e sua carne (esquentando a minha) que corrompem toda a explosão do atrito. E sem atrito, sem fogo. Só o frio das quatro e meia, seus cigarros cansativos e minhas velhas veleidades nada sóbrias.

Tacada 6: Calada trip
Tá. É lógico que não vão me chamar. Também: eu parado chamo mais atenção que uma nave espacial. Aí que ego vai me quer por perto? Mas foda-se. Noventa e oito por cento de minha tecnologia diária é auto-sustentável (ou seja: nada é inatingível e todos são dispensáveis, seja lá quem for). Só peço para que tenha muito cuidado por onde anda, pois todos os loucos de hoje são caretas ricos que não tomam banho ou escovam os dentes.“A mina mora nos Jardins e sonha em ser uma puta gangueira. Será que só ela não percebeu que a Augusta é pop???”.

Tacada 7: A tormenta
Nosso romantismo grita dos becos á lua. Das sarjetas aos palcos. Do tormento ao feijão que há no vômito na calçada. Do sofrimento às folhas da caderno. Dos banheiros às luzes. De noites às noites seguintes. Das entranhas aos copos. Dos copos à Marte. De Urano à Saturno. Do nada ao tudo.Quem realmente tem arte na alma carrega em si o peso da maldição de mil mares de efêmero e eterno. De um triste olhar ante à felicidade. De uma loucura exacerbada em plena área administrativa.Muitos vão antes de nós. Um dia iremos atrás. Que fiquem aqui apenas os chatos, pois certas juventudes não devem serem ceifadas pela praga da velhice.Descobri que deus inveja suas crias. E nós, como criadores, invejamos a eternidade dele. Talvez estejamos aqui apenas para “deixar”. E, no final, estamos aqui apenas para sermos lembrados mesmo.

Zero Intro
Um ósculo de latrocínio. De uma puta depravada. Deito sonhos em cigarros e anéis com câncer. Deixo florais em valas sem jarra.Nem as putas nos compreendem a anestesia. Nem minha mãe me conhece. Só eu posso falar por mim nessa terra, já que deus não ouve minhas gritantes preces.Um ósculo de amoníaco, sob o céu da mesma cidade. Se a vida é sofrer pra ter assunto pr’um blog… Que seja feita vossa vontade.

Trailer "No Eixo da Morte" Afonso Brazza



Não. O legal mesmo (além da frase "Vou viver junto com os animais") é a narrativa final "E agora eu lhe pergunto: pra que tanta violência?" (legal a loirinha também, rs).