O nome do jogo
O crupiê diz:
Hey, culpe o jogo e não me culpe por jogar.
Não criei este jogo, muito menos as regras... conheço-as bem e, criei as minhas em cima das já existentes. Nunca trapaceio; apenas uso as regras contra elas mesmas, procuro caminhos alternativos, olho o jogo de cima, tenho calma, calculo e ataco com voracidade. Sou um jogador solitário e ardentemente calculista! Te levo pra cama e jogo em dupla enquanto dure o motel, mas na hora de entregar a chave do quarto, volto a jogar sozinho contra esse mundo de rainhas de egos inflados com hélio em balões de silicone. Sou um jogador maldito ouvindo blues e bebendo um dry martini, pois vivo vencendo e perdendo, errando e aprendendo, conquistando e te comendo, jogando e vivendo, te odiando e te querendo.
Os arquivos de minh’alma
O garoto do almoxarife diz:
Noites de verão, candelabros de luzes amarelas do centro da cidade, lago dos patos, conversas sinceras, capetices no tempo de escola, quermesses do bairro, roles de bicicleta, skate na Charles Muller, Curitiba, as garotas de Cascavel, shows insanos, flertes inesquecíveis, conquistas impossíveis, chupadas (nas bolas) que recebi...
Amigos de uma noite, raras bebedeiras, fumaça em becos, andanças com quem considero, meu velho Fusca azul pavão, catracas de ônibus, lua cheia, musicas que marcaram, mulheres que me mataram, me deram ou foram motes de punheta; sonhos de dias melhores, banhos de chuva, gafes horrendas, shows que fiz, glórias, percas, fodas, drogas e tudo que esqueci!
A visão santo maldito
O anjo caído e repetitivo diz:
Fui abençoado com uma visão que atravessa mundos, ultrapassa barreiras, compreende os incompreendidos, inclui os excluídos nesta festa de egos espumosos em taças de champanhe Cristal. Maldição abençoada que provoca meu exílio sentimental, assim como se eu fosse o Quasímodo abandonado na porta de uma igreja por culpa de meus traços demoníacos, alma de anjos celestes e um coração mais humano do que de toda a humanidade que me quer enforcar junta. Provavelmente terei um fim trágico; serei queimado em praça pública; serei caçado por homens ostentando tridentes e tochas, com pedras e madeiras nas mãos, que me odeiam por não me entender. Serei crucificado por culpa de minha maldita visão e atos santificados... ( e não me canso de falar sobre esse assunto)