O Brilho de um Asfalto Azul, especial para o Verbos Curtos

"Meu Doce Valium Starlight" é um livro de contos prosa-poeticados, que foi lançado em novembro de 2007, pela editora Dulcinéia Catadora. E dentre estes contos tem esta prosa poética narrada chamado "O brilho de um asfalto azul", do qual retirei um trecho e uni ao som "Que Brasil é  Esse", dos meus irmãos de som  Urban Groove (Bebeto, Lilo do Amarelo Folha + maloqueiros grooviados), para utilizar no Verbos Curtos (que nada mais é Humberto Fonseca (o famoso Bebeto Cicas) e MaicknucleaR, mais seus sons e textos autorais), que vai rolar daqui alguns consideráveis minutos, na Promove, a convite do Grande Israel do Literatura Suburbana. No mais estou aqui esperando os caras passarem aqui pra subirmos ao sarau, então segue o trecho e até mais ver, motherfolks...

O Brilho de um Asfalto Azul

(MaicknucleaR)

Eis que surge o impávido porra nenhuma. Ensopado de incredulidade ímpar. Ostentando garrafas que (raramente) lhe acompanham na limusine-allstar-de-trinta-conto, por simples estética de quem sabe vagar estilosamente no noturno e chafurdar gloriosamente na obscuridade do spotlight. Mero romantismo sem veneno de amor. Um: “deixe estar que a coisa acontece”. Desajeitado porco chauvinista eu. Faz movimentos de translação no asfalto azul cheio de vermes. Procurando o lugar que não há em si mesmo, nem nos corpos que se foram, elevados, em cima de saltos lascivos. Faz incursões nos sorrisos que brilham por trás de cabelos que balançam, mas não caem. Desvirtuando veredas alheias por inconseqüentes cegueiras de uma alma que atua a vida. Inconseqüências de um showman sem público botando pra fuder no carro que nunca viu, numa noite que não é a dele, numa conta que não pagou, enquanto a máquina de escrever perambula o âmago reto, cheio de vácuo, de beldades cinematograficamente ocas. Ocas como seus quadros endeusados em paredes JPG…  

Pegue a pressão zero por menos um que deixaste no meio fio. Guarde o resto de dignidade no bolso esquerdo de trás, junto à caderneta surrada e os canapés customizados. Lave esta fuça de quem comeu gostoso e não gostou da foda. Encare, de óculos escuro, o dia, mesmo que você pareça um vampiro maltrapilho, recém desamaldiçoado, que saiu de uma rave após nove dias extremáticos. Pois há uma vida burocrática rutilando lá fora, lá na outra esquina, na outra bodega, em outro cômodo-jardim, em outro condado. E mesmo que sair do harém lhe doa a alma. Lhe foda com o réquiem… Au revouir muchachos” é o que digo ao corpo que carrega meu peso nos ombros e continuo: “Não se preocupe com os que estão preocupados em não separar o sujeito, do verbo, com vírgula. Eles não conseguem rimar romã com travesseiro. E por pior que seja o itinerário, por mais que altas dosagens de insanidade lhe façam andar como um João Bobo descendo uma ladeira de skate. Ou a sofisma alheia lhe desarme na frente das minas almejadas e seus drinques solitários. Nada abala a idiossincrasia única. O intrínseco verdadeiro que não se esforça para agradar-e-conquistar. A maldita digital que vos escreve, bitch.