With A Little Help From My Friends

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Quem não lembra-se da jornada vital e vitalícia do nosso grande e narrativo Kevin Arnold em sua saga através de seus Anos Incríveis. O episódio que veio-me à memória exatamente agora foi aquele em que ele fura o pneu do carro de seu pai e tal, mas não é do pequeno Arnold de que este post trata. Ontem teve chuva de meteoros no planeta (!), às quatro da matina. Não consegui ver, pois São Paulo não permite que eu tenha acesso irrestrito ao seu sudário celeste das ninfas bi. Sudário apagado pelas luzes que vem de baixo e ofuscado pela fina e densa lamina de detritos tóxicos que flutuam nesta insensata atmosfera paulistana. Eu só queria ir até a Fronteira, sentar-me na grama do campo e olhar pra cimenfumaçado, com uma garrafa de vinho e alguém que como sempre cagaria pra quando eu soltasse nacos de minha alma em forma de uma loquacidade sincera e embriagada, violão & violada, em cometas que não passam de um pó cósmico bailando nas trevas invictas. Não passam de uma farinha mágica hiperbólica que demonstra que além de nosso super-ego-ego-alter-ego, há coisas acontecendo, digamos, "além de nós". E digo além de nós a partir de um milímetro de distância de nossa carne depravada, além daquilo é chamado de Eu (de nós)... Não vivi dias tão memoráveis quanto os de Woodstock (nem como os de Kevin Arnold). E chegando a conclusão após uma longa e saudosa pesquisa: talvez eu morra sem tais dias memoráveis. Talvez aquele espírito, aquela faísca criadora, que habitava o que chamamos de Terra, tenha sido morto no Vietnan degolado por um comandante que surtou-de-ignorância. E nós sabemos que a ignorância matou o gato, os leopardos, Iroshima e só deixará de posterior as baratas e destroços do McDonalds... Quando falo de alma -e digo alma no sentido *zeitgeister da palavra - aos meus "amigos", ou quando falo de fazer as coisas com alma (tocar com alma, escrever com alma, fazer a merda de um bolo com alma), tudo que recebo em troca é uma cara-de-nada, uma interrogação blazé em cima do pescoço que me deixa até sem graça, pois essa cara superiorzinha e atuada de do-que-cê-tá-falando é a cara da desgraceira de nossos tempos, a prova irrefutável de quão pequena andam as mentes do hoje-em-dia. Milhões de anos de evolução para dar em nada. Para tudo retroceder em sentido gomorrístico onde as relações inter-pessoais não passam de grandes atos prostitutivos, onde o humano, não o humano em si, mas aquela coisa romântica sobre o mesmo, o superar-se, o criar, (e etc) foi trocado por Mais Valia, por Valer O Que Pesa (e, obviamente, não o que se é ou que se pode criar). Talvez por isso não entendam Kevin Arnold, toda memorabilidade de seu tempo e vejam tudo na vida como "uma série legal", como um grande sitcom onde os mais rosados e bem vestidos se unem para serem perfeitos em toda extensão de sua idiotabilidade e serem verdadeiros unos com o universo em suas vãs filosofias de banheiros de barzinho... Tudo não passa uma grande Aparência onde o ser é destinado não por seu livre arbítrio, mas através das primeiras impressões alheias. E mesmo muitos dizendo que o hippiesmo não serviu pra nada eu ainda creio na tese de que os hippies mudaram mais o mundo fumando maconha e comendo os outros que muito "movimento" por aí juntos, mais que muita "ideologia". Não entendo como alguém segue "ideologia", pois gosto de seguir apenas o que acredito e tudo em que acredito nesta vida é em mim mesmo, pois a vida, essa grande vadia, nunca deu e sei que nunca, jamais dará, outra opção de contrato. Nem tudo é um som de Betty Davis nesse circo de horrores, mas se a vida é uma puta, eu preciso ser um maldito cafetão. E mesmo muitos dizendo que sir Joe Cocker fazia apenas uma "performance da droga", eu digo é que ele cantava com alma, que era movido por seu próprio espírito lambendo o cú do universo e cuspindo através de seu corpo alucinado, sua carcaça porta-voz de uma mera faísca interna... Ontem não encontrei ninguém pra ver a chuva, pra assistir o espetáculo do vácuo, encontrei apenas vácuo. Nenhum desses amigos que não ouvem e só falam (e que deixam no vácuo), desses que cagam para meteoros e amigos lúdicos e que nem amigos são. Sobraram-me as divas do soul como sempre e a vista de uma sacada onde de meteoro só se via a lua dando um sorriso sarcástico no céu. É. Já dissera o jornal que a chuva seria melhor avistada na américa do norte e até nisso Deus nos (tropicalmente) fode. Culpa da grande teoria do quase, do Quasímodo, do aparente ser e não seja, do excesso de luzezinhas achando-se estrelas e ofuscando as estrelas de verdade e todos meteoros malucos, desembestados no céu. Se eu fosse famoso (ou tivesse "um livro publicado" - como dizem) talvez até comesse alguém agora, mas fica a gênese de um prospecto de um sábado errado e errante por essas ruas cheias de frialdade, lupanarismo e latrocínio, dentre aparições esquizofrenicas das grandes divas do soul em becos e em meus raros momentinhos de merda.
(MaicknucleaR)

* espírito de época, espírito do tempo ou sinal dos tempos

1 comentários:

Cássio Amaral disse...

maick,

seu texto é crítico e bem pertinente.

além de citar joe cocker que gosto muito.

outro dia estava pensando nele e nessa apresentação

do woodstock. deixei até minhas costeletas enormes

em homenagem a ele.

saiba que a chuva de meteoros sempre acontece

em nossas almas meu irmão.

grande abração de luz.

ca.

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