Eterno & efêmero
O relógio da Galeria Pagé diz:
Não tenho tempo para perder com as verborragias da vida, preciso ser sucinto e conciso, virar os copos de licores malévolos e sanguinolentos; encontrar minha redenção loquaz em valas fétidas e prostitutas de salto alto que navalham a alma de carteiras abarrotadas com fotos de esposas infelizes.
Não tenho tempo pra ficar velho e nunca ficarei, mas a morte corre atrás de mim com seu possante carro “tunado”, e eu estou na porra de um fusca 67 com um só carburador fazendo sinal de fumaça para que a urgência de minhas palavras sejam lidas por outros loucos e aflitos que fazem roleta russa com armas automáticas e arrumam brigas pelo simples prazer de sair do mundo real e serem reis de si mesmo.
Não tenho tempo para sua piedade muito menos para o seu olhar altivo; não tenho tempo para narizes empinados de vadias analfabetas, não tenho tempo para idiotas.
Mas perco meu tempo em futilidades luxuriosas, escárnio à vida, roubar os cds de blues do meu pai e ficar olhando fotos idiotas em busca de inspiração!
Destinos putrefeitos da vida
A bússola diz:
Estou a deriva no oceano de uma vida sem destino.
Não sei o que quero, muito menos para onde vou.
Sigo sem medo de ser feliz. Só aprendo errando na minha errante vida, rumando pro arrebol de um presságio maldito de uma cigana que disse que eu me tornaria escritor (mesmo sendo só um musico frustrado) e morreria na queda de um elevador.
Meu destino não está na palma da minha mão, nem bolas de cristal nem naquela cigana idiota e seus presságios pré-pagos de uma figa. Eu não tenho destino, nem rumo pré-estabelecido em um mapa imaginário, nem nasci sabendo o que queria ser quando crescer e até hoje, ainda não sei o que quero. Sigo um destino putrefeito que leva ao abismo moral e psicológico, um rumo luxurioso que me leva para dançar valsa nos salões do inferno.
O energúmeno segregador
Qual seu mundo oh segregador?
Qual é seu galardão quando me segrega oh nobre gentil homem? Dizes que não fazes parte de meu mundo, mas qual é seu tão egrégio habitat? Que lugar de tamanha galhardia é esse, onde os seres biltres ufanizam-se por sua falsa probidade e segregam seus semelhantes chamando-os de hunos! Nobre senhor, minhas vestes são de maltrapilho, minha face não é do sul europeu, mas não sou insolente ou estulto, nem ando os caminhos da ignomínia.
De onde vem esta tua disparidade para comigo? Nasci sim, na horda dos infames, mas tenho coração opulento de nobreza, jamais segrego os diferentes; olhe para o espelho e veja a merda que fazes homem vil que pensa ser rei.
Por isso digo-lhe nobre senhor: “enfie sua segregação no meio do seu rabo! E vá tomar sem K.Y. no meio do seu cu seu filho da puta... e volte pro seu mundinho ridículo e fechado onde você é o superiorzão”.
Grato!