Ascetismo pela janela
O espírito do viajante perdido diz:
Transporte-me para aquela velha vivenda de que sinto tanta ausência, porém não conheço, nunca vi, nunca estive lá...
Sinto falta do ranger de sua porta, a poeira na estante e os tacos soltos do chão que me fazem tropeçar.
Panorâmicas utopicamente minhas, são apenas manchas vistas desta janela que corre contra o tempo nesta volátil maquinária que me leva rumo ao remoto, a antagonia de uma velha vida...
Janela que atavia minhas quiméras, recordam momentos de outrora e criam-me uma nova identidade, um novo eu, mas sendo apenas eu mesmo...
Deixo a verborragia e torno-me sucinto no banco estofado de um velho trem.
Não tenho posses, não tenho o que comer a noite.
Tenho apenas minha vontade de viver, um destino impredestinado e a vontade de vencer.
O mundo agora é meu nesta intrépida jornada.
O incógnito me vêm através de uma janela.
O passado fica atrás desta janela e o futuro nela reside.
Olhos plangentes pesam em sua vermelhidão de saudade e derramam o líquido de um novo futuro...
Minha peregrinação aqui começa... Através deste ascetismo pela janela...
Todo um novo mundo...
Serei Cabral, Colombo...
Serei apenas Maick, o desbravador!
Texto retirado de "Ensejos Nucleares". Copyright © 2005 MaicknucleaR/AltacasA.