* "Noite impiedosa. Sereno desumano. Nada mais perverso que a insensatez das esquinas. Nada mais em desamparo que os outros.
Com luz sobrou aurora, mas meu palco verdadeiro é noturno. Com noites ficaram escárnio, carnificina e o brilho melado das boites.
Por hora fica esta opera do malandro culto. Este tiro no asfalto que efetiva o som do ricochete lírico. Faroeste de palavras onde quem tem mais verdade em sua niquilada de aspectos vence...
A mágica do atroz não morre, vê a fauna fecundando novos mortos-vivos. Cheguei ao campo do niilismo e novamente não me vi em nenhum daqueles rostos forasteiros. Mas adquiri certo distanciamento político para com os outros desde que cai neste campo, dotado apenas de para-quedas e granadas sem pino. E já não ligo pra São Paulo ostentando e sustentando suas vadias mal educadas, seus bares sitcom (que no fundo até gosto) – na real um dia quero ter um – e sua cara blazé – mas sem neguinho blazé, sem cara bazé ou etc’s-blazés -.
Ei, futuro morto, eu sou mais que o vazio, só não encontrei meu lugar no espaço. E, infelizmente, para o meu completo desespero, vou morrer assim!. E mesmo que toda noite eu encontre meu sossego sísmico altamente abalado pelo simples fato de saber que não me encaixo completamente em nada, como já disse antes, decidi ser filho da puta, sim, mas sempre sendo o que sou. Um cara que odeia manhãs, gosta de ouvir Sublime às tardes, indie-hip-hop à noite não passa de um porco lúbrico.
É… Tão menos desgraçadas suas noites sem aurora. A lua me espera e outro palco, sem nenhum holofote (ou groopies no camarim), me chama. Que deus perdoe os resto mesmificado, pois como já lhe disseram, senhor: “Eles não sabem diabos da merda que andam fazendo”".
(MaicknucleaR)
* Trechos de "Nessas Noites Sem Aurora"